terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Teresa de Calcutá: luz desde a escuridão

Entrevista do postulador da causa de canonização, Pe. Kolodiejchuk, à Agência Zenit sobre o livro

O Pe. Brian Kolodiejchuk, postulador da causa de canonização de Madre Teresa de Calcutá, é o autor do livro "Come Be My Light", que recolhe os escritos da beata, em parte inéditos, revelando o sofrimento de não experimentar o amor de Deus. Em entrevista à Agência Zenit (Roma), o autor fala desta "noite escura", que tanta polémica tem gerado.

Agência Zenit (AZ) - A extraordinária vida interior da Madre Teresa foi descoberta depois da sua morte. Segundo os seus directores espirituais, como era a sua vida, especialmente seu sofrimento de escuridão espiritual, oculto a todos os que a conheceram?
Pe. Brian Kolodiejchuk (BK) - Ninguém fazia sequer a menor ideia do que ela vivia interiormente, pois os seus directores espirituais conservavam estas cartas. Os jesuítas conservam algumas, outras estão na arquidiocese e o Pe. Joseph Neuner, outro dos seus directores espirituais, tem algumas. Estas cartas foram descobertas quando buscávamos os documentos para a causa.
Enquanto vivia, a Madre Teresa pediu que sua informação biográfica não se desse a conhecer. Pediu ao Arcebispo Ferdinand Périer, de Calcutá, que não dissesse a nenhum outro bispo como começou tudo. Disse-lhe: "Por favor não diga nada dos inícios porque, uma vez que as pessoas conheçam os inícios, quando ouvem falar das locuções interiores, então a atenção se centrará em mim e não em Jesus". Ela dizia sempre: "Obra de Deus. Esta é a obra de Deus".
Inclusive as irmãs mais próximas dela não conheciam a sua vida interior. Muitos poderiam ter pensado que ela tinha uma grande intimidade com Deus e que esta iluminava o seu caminho no meios das dificuldades da Ordem ou da pobreza material que sofreu.

AZ - O livro fala do voto secreto que ela fez no princípio da sua vocação, pelo qual prometeu não negar a Deus nada que tivesse a ver com a dor provocada pelo pecado mortal. Que papel desempenhou este voto na sua vida?
BK - Madre Teresa fez o voto, em 1942, de não negar nada a Deus. As suas cartas inspiradas por Jesus chegaram logo depois. Em várias cartas, Jesus lhe pergunta, comentando o seu voto: "Deixarás de fazer isso por mim?".
Portanto, o voto é o substrato da sua vocação. Depois, nas cartas inspiradas, vê-se que Jesus lhe explica o seu chamamento. Ela então segue adiante porque sabe que Jesus quer. Está motivada pelo pensamento da dor de Jesus, porque os pobres não o conhecem e, portanto, não o amam.
Este foi um dos pilares que a manteve no seu caminho através da prova da escuridão. Graças à certeza do seu chamamento e a este voto, numa das cartas escreve: "Estive a ponto de deixá-lo e então recordei o voto, e isso me fez levantar-me".

AZ - Falou-se muito sobre a noite escura da Madre Teresa. O seu livro descreve-a como um "martírio de desejo". A sua sede de Deus foi desconhecida durante muito tempo. Pode descrevê-la?
BK - Um bom livro para ler e compreender algumas dessas coisas é "Fire Within" (Fogo interior), do Pe. Thomas Dubay, que fala do sofrimento da perda e do sofrimento da sede para explicar que o sofrimento da sede é mais duro.
Como declara o Pe. Dubay, no caminho para a autêntica união com Deus, existe a etapa purgativa, chamada "noite escura", e depois a alma entra num estado de êxtase e verdadeira união com Deus.
No caso da Madre Teresa, parece que a etapa purgativa aconteceu durante a sua formação no convento de Loreto. No momento de sua profissão, disse a uma companheira que com frequência experimentava a escuridão. As cartas dessa época são as típicas cartas de uma pessoa que está na "noite escura".
O Pe. Celeste Van Exem, seu director espiritual naquela época, disse que provavelmente em 1946 ou 1945 se encontrava já perto do êxtase.
Depois há uma referência ao momento em que apareceram as inspirações e as locuções interiores, o momento no qual as dificuldades de fé cessaram.
Posteriormente, a Madre Teresa escreveu ao Pe. Neuner, explicando: "Você sabe como Ele actuou. E foi como se nosso Senhor se entregasse a mim plenamente. Mas a doçura, o consolo e a união daqueles seis meses passados desapareceu logo".
De maneira que a Madre Teresa experimentou seis meses de intensa união, após as locuções interiores e o êxtase. Estava já na etapa espiritual da união transformadora. Nesse momento, voltou a escuridão.
Mas, a partir de então, a escuridão que experimentava acontecia juntamente com a união com Deus. Isso não significa que viveu a união e depois a perdeu. Perdeu a consolação da união que se alternava com a dor da perda e com uma profunda nostalgia de Deus, uma verdadeira sede.
Como dizia o Pe. Dubay, "às vezes a contemplação é deleitosa, e outras vezes é substituída por uma forte sede de Deus". Mas no caso da Madre Teresa, com excepção de um mês, em 1958, ela não teve esta consolação da união.

Há uma carta na qual ela diz: "Não, padre, não estou só, tenho sua escuridão, tenho a sua dor, tenho uma terrível nostalgia de Deus. Amar e não ser amado, eu sei que tenho Jesus na união que não foi quebrada, minha mente está fixa n’Ele e só n’Ele".

A sua experiência da escuridão na união é sumamente rara, inclusive entre os santos, pois para a maioria o final é a união sem escuridão.
O seu sofrimento, então – utilizando o termo do teólogo dominicano Reginald Garrigou-Lagrange –, deve-se mais aos pecados dos outros do que ao carácter purificador dos seus próprios pecados. Está unida a Jesus com uma fé e um amor capazes de levá-la a partilhar a sua experiência do Getsemani e da cruz.

Madre Teresa comentou que o sofrimento no Getsemani foi pior que o da cruz. E agora compreendemos de onde vinha isso, porque ela tinha compreendido a sede de almas de Jesus.

O importante é que se trata de uma união. Como indicava Carol Zaleski num artigo publicado na revista "First Things", esse tipo de prova é novo. Trata-se de uma experiência moderna de santos dos últimos 100 anos: sofrer o sentimento de que não se tem fé e de que a religião não é verdadeira.

Sofrimento
Na segunda parte desta entrevista concedida à agência Zenit, o padre Brian Kolodiejchuk, missionário da Caridade, explica pontos centrais do livro que acaba de publicar.

AZ -O nome do livro, "Vem ser a minha luz", foi um pedido de Jesus à Madre Teresa. Como se relaciona o seu sofrimento redentor pelos demais, no meio dessa profunda escuridão, com o seu carisma particular?

BK - Durante os anos 50 do século passado, Madre Teresa rendeu-se e aceitou a escuridão. O padre Joseph Neuner [um dos directores espirituais, ndr] ajudou-a a compreender isso, relacionando a escuridão com o seu carisma: saciar a sede de Deus.

Ela costumava dizer que a maior pobreza era não se sentir amado, solicitado, cuidado por ninguém, e era exactamente o que ela estava a viver na sua relação com Jesus. O seu sofrimento redentor era parte da vivência do seu carisma ao serviço dos mais pobres entre os pobres.

De maneira que, para ela, o sofrimento era não só um meio para identificar-se com a pobreza física e material, mas, no âmbito interior, identificava-se com os não amados, com os que estão sozinhos, com os que são rejeitados.

Renunciou à sua própria luz interior para iluminar os que viviam na escuridão, dizendo: "Sei que não são mais que sentimentos".

Numa carta a Jesus, escreveu: "Jesus, ouve minha oração, se isso te agrada. Se minha dor e sofrimento, minha escuridão e separação te dá uma gota de consolação, faz comigo o que queiras, todo o tempo desejes. Não olhes aos meus sentimentos nem à minha dor".

"Sou tua. Imprime em minha alma e vida os sofrimentos do teu coração. Não olhes aos meus sentimentos, não olhes nem sequer à minha dor".

"Se a minha separação de ti permite que outros se aproximem de ti e tu encontras alegria e deleite no seu amor e companhia, quero de todo coração sofrer o que sofro, não só agora, mas pela eternidade, se for possível".

Numa carta às suas Irmãs, torna mais explícito o carisma da Ordem: "Minhas queridas filhas, sem sofrimento, nosso trabalho seria somente trabalho social, muito bom e útil, mas não seria obra de Jesus Cristo, não participaria da redenção. Jesus desejava ajudar-nos partilhando a nossa vida, nossa solidão, nossa agonia e morte. Tudo isso ele assumiu em si mesmo e levou-o à noite mais escura. Somente sendo um de nós podia redimir-nos".

A nós, permite-nos fazer o mesmo: toda a desolação dos pobres, não apenas a sua pobreza material, mas também a sua profunda miséria espiritual, deve ser redimida e compartilhada. Orai, então, assim quando isso se torne difícil: «Quero viver neste mundo que está longe de Deus, que se distanciou da luz de Jesus, para ajudá-lo, para carregar uma parte do seu sofrimento»".

E isso resume o que considero o fundamento da sua missão: "Se um dia chegar a ser santa, seguramente serei uma santa da 'escuridão'. Continuarei ausente do Céu para dar luz aos que estão na escuridão na terra…"
Assim compreendeu a sua escuridão. Muitas das coisas que disse têm mais sentido e acabam por ser mais profundas agora que sabemos isso.

AZ -Então, o que dizer a quem qualifica a sua experiência como uma crise de fé e que ela realmente não acreditava em Deus, ou a quem sugere que a sua escuridão era um sinal de instabilidade psicológica?
BK - Ela não teve crises de fé, ou falta de fé, mas teve uma prova de fé na qual experimentou o sentimento de que ela não acreditava em Deus. Esta prova requereu muita maturidade humana, porque, se não, não teria sido capaz de suportá-la. Teria ficado desequilibrada.

Como disse o padre Garrigou Lagrange, é possível experimentar simultaneamente sentimentos contraditórios entre si. É possível ter uma "alegria cristã objetiva", como a chamou Carol Zaleski, e ao mesmo tempo entrar na prova ou sentimento de não ter fé.

Não há duas pessoas aqui, mas uma pessoa com sentimentos em diferentes níveis.

Podemos realmente estar a viver a cruz de algum modo – é dolorosa e faz doer– e, ainda que a espiritualizemos, isto não tira a dor. Agora, ao mesmo tempo, podemos estar alegres porque estamos a viver com Jesus e isto não é falso.
Aqui está o como e o porquê a Madre Teresa viveu uma vida tão cheia de alegria.

AZ -Como postulador de sua causa de canonização, quando crê que poderemos chamá-la santa?
BK - Precisamos de outro milagre – examinamos alguns, mas nenhum é suficientemente claro. Houve um para a beatificação, mas estamos à espera do segundo.
Talvez Deus tenha esperado que se publicasse antes o livro, pois muitos tinham a Madre Teresa por santa, mas era tão simples e se expressava de uma maneira tão simples que não compreendiam a profundidade da sua santidade.

No outro dia, escutei dois sacerdotes falarem sobre isso. Um dizia que nunca tinha sido muito fã da madre Teresa porque pensava que era piedosa, devota, e que fez obras admiráveis, mas que quando ouviu falar da sua vida interior, isso mudou o que pensava dela.

Agora temos algo mais que uma mera ideia da sua evolução espiritual e uma parte da sua profundidade foi revelada.
Assim que chegue o milagre, demoraremos pelo menos dois anos, ainda que o Papa possa acelerar o processo se desejar.

AZ -O que aconteceu com a Ordem [Missionárias da Caridade, ndr] desde a morte da Madre Teresa?
BK - A Ordem cresceu quase em mil irmãs, passou de 3850 para a 4800, hoje, e acrescentamos cerca de 150 casas em mais de 14 países. A obra de Deus continua.


Entrevistas | Agência Zenit | 2007-09-08 | 14:07:00 | 11440 Caracteres | Vida Consagrada

Prepara-se centenário do nascimento da Madre Teresa de Calcutá

Anunciou a superiora geral as Missionárias da Caridade

Por Nieves San Martín

CALCUTÁ, segunda-feira, 7 de setembro de 2009 (ZENIT.org).- As Missionárias da Caridade do mundo inteiro celebraram, no último dia 5 de setembro, o 12º aniversário da morte de sua fundadora, a Madre Teresa de Calcutá, e iniciaram os preparativos para celebrar o centenário do seu nascimento no ano que vem, revela a Ir. Mary Prema ao Christian Today India.

Também foram organizadas orações especiais na sede das Missionárias da Caridade em Calcutá, em que religiosas, colaboradores, voluntários, amigos e jornalistas se reuniram para comemorar o 99º aniversário de nascimento da Madre Teresa.”A Madre Teresa abriu seu coração ao amor a todas as pessoas. Ela continua nos inspirando a abrir nossos olhos para ver a dignidade de um filho de Deus no pobre e oferecer-lhe paz e alegria através dos nossos humildes serviços”, disse a Ir. Mary prema.

Enquanto isso, o Conselho Global de Cristãos Indianos (GCIC) sublinhou que, inspirado na Madre Teresa, renova seu “compromisso de servir os desprezados e marginalizados pela sociedade, nossos dalits (intocáveis) e os perseguidos pela fé”. O grupo de defesa GCIC, com base em Bangalore, foi a voz dos cristãos perseguidos na Índia.

Pessoas de diferentes credos lembraram da Madre Teresa. Segundo o Press Trust da Índia, o presidente do fórum All India Minority, Idris Ali, que organizou uma oração de todos os credos, instou o ministro dos Transportes, Mamata Bannerjee, a renomear a estação de metrô de Calcutá com o nome da Madre Teresa.

“No próximo ano, neste dia, comemoraremos o centenário do nascimento da Madre Teresa. Nossa sincera empresa de ser canais do amor e da paz de Deus aos pobres será o melhor presente que podemos preparar para a ocasião”, disse a Ir. Prema.

A santidade da Madre Teresa foi logo reconhecida por João Paulo II após sua morte, em 1997. Foi beatificada pelo Papa em uma cerimônia no Vaticano, no dia 19 de outubro de 2003, após a cura de um tumor de estômago, por sua intercessão, de uma mulher tribal do norte de Bengala.

A Madre Teresa, albanesa de nascimento, chegou à Índia em 1929, aos 18 anos; dedicou-se ao ensino e se tornou cidadã indiana em 1948. Em 1950, estabeleceu as Missionárias da Caridade, que atualmente contam com 4.800 religiosas e 757 casas em 145 países.

Durante 45 anos, a religiosa católica serviu os pobres, doentes, órfãos e moribundos, pelo que foi honrada com vários prêmios nacionais e internacionais durante sua vida,entre eles: o Prêmio Magsaysay, em 1962; o Prêmio da Paz João XXIII, em 1971; o Prêmio Internacional John F. Kennedy, em 1971; e o Prêmio Nobel da Paz, em 1979. Também ganhou o mais alto reconhecimento da Índia, o Bharat Ratna, em 1980.

Missionárias da Caridade

A Família Religiosa

A Misericórdia de Deus continua a bater aos corações por todo o mundo, chamando vários jovens para se juntarem a esta aventura de amor nas Missionárias da Caridade, como Madre Teresa.
Todos nós, irmãs, irmãos e padres, toda a nossa Congregação está aqui para responder a este apelo, porque cada vocação é um chamamento único a seguir Jesus Cristo. Tal como a Madre Teresa, também nós tivemos as nossas dúvidas e sentimos a nossa pequenez para esta missão: ela repetiu-nos muitas vezes que nós não o escolhemos a Ele, foi Ele quem nos escolheu.
Durante um período inicial de 3-4 anos somos formadas como religiosas (o noviciado) e somos depois confirmadas nessa vocação, comprometendo-nos com os votos temporários durante 5 anos ao que se segue, após um ano de formação, a Profissão Perpétua.
Somos 4.000 irmãs, activas e contem-plativas, de 80 nacionalidades em 130 países. Temos 697 casas por todo o mundo, das quais 222 estão na Índia.
Também existem irmãos Missionários da Caridade, activos, contemplativos e sacerdotes. Temos colaboradores e missionários leigos que partilham o carisma e o trabalho do amor, além de muitos voluntários de todo o mundo que partilham as nossas obras de amor – muitos deles deslocam-se mesmo à Índia e a outros países para trabalhar connosco.
O objectivo da nossa sociedade é saciar a infinita sede de Deus pelo nosso amor, que foi manifestada por Jesus na cruz, sobretudo o dos mais pobres dos pobres, através da nossa vida consagrada de castidade, pobreza e obediência, com um serviço livre e de todo o coração a essas pessoas.
Nas nossas capelas do mundo as palavras de Jesus na cruz
“Tenho sede” estão escritas para nos lembrar do tremendo amor de Deus por cada um de nós. Madre Teresa, desde o início, compreendeu este chamamento para o servir enquanto Missionária da Caridade, um chamamento à santidade e ela prometeu que daria santos à Igreja.
Madre Teresa sempre repetiu e recordou às suas filhas que fossem determinadas na vontade de caminhar para a santidade. Ela ensinava-nos e pedia-nos para repetira depois dela:
“Eu vou, eu quero, com ajuda de Deus, ser santa”.
Muitas vezes ouvimo-la dizer em público:
“a santidade não é um luxo de poucos, as um dever simples para todos”. Um santo é um ser humano completamente vivo e desenvolvido que permitiu que Deus vivesse dentro dele e amasse através dele: a nossa missão é lembrar mesmo aos mais pobres este dever de santidade e mostrar-lhes um caminho de santidade.
Quando rezamos os nossos corações ficam purificados para podermos ver Deus nos pobres e servi-lo. Quando amamos entramos no coração de Deus e ficamos cheios de amor, paz e alegria.
Jesus diz-nos na Bíblia que
“o que fizeres ao mais pequenino é a mim que o fazeis.” O nosso 4º voto, de serviço livre e total aos mais pobres dos pobres, material ou espiritualmente, sem olhar a raças, credos ou nacionalidades, significa uma ajuda imediata e efectiva quando não têm mais ninguém que os possa ajudar:
- Alimentando os famintos, não só com a comida, mas com a Palavra de Deus.
- Dando de beber aos sedentos, não apenas a água, mas também com o conhecimento, a paz, a verdade, a justiça e o amor.
- Abrigando os que não têm um tecto, oferecendo mais do que uma construção material, juntando um coração que compreenda, que cuide e ame.
- Tratando os doentes e os moribundos, os fracos e os deficientes, no corpo e no espírito.

Damos de graça o que recebemos de graça, não levamos nenhum dinheiro aos pobres pelo serviço que prestamos, vivemos totalmente da Divina Providência para as necessidades dos que estão ao nosso cuidado. Apenas recebemos o que a Providência nos dá. Não fazemos projectos.
Deus providencia através da ajuda espontânea do amor de cada um, seja o dinheiro, o serviço voluntário, o transporte ou ajuda profissional, para que as Missionárias da Caridade prossigam o seu trabalho. Sabemos que muitos deles fazem grandes sacrifícios para nos ajudar; a nossa gratidão são as nossas humildes orações por eles e suas famílias.
Uma das coisas que notamos constantemente é que os colaboradores e voluntários ficam muito felizes por nos ajudarem e são muito generosos.
Mesmo o que se faz por um pobre, temporariamente, é abençoado por Deus para sempre.
Madre Teresa ensinou-se muito pacientemente a utilizar meios simples e humildes no cumprimento da nossa missão. Os pequenos actos feitos com amor têm um poder tremendo para tocar os corações e mudar as vidas dos outros.
A Madre costumava dizer:
“os actos de amor são actos de paz”.
Através de pequenos e humildes actos de amor, os nossos pobres e doentes experimentaram o amor de Deus e a sua presença preocupada, respondendo-lhe com gratidão e amor, recebendo a sua paz e o seu perdão.
Para continuar a fazer o que fazemos em todo o mundo precisamos de uma profunda vida de oração e união com Deus. A nossa Madre costumava dizer-nos que não somos trabalhadoras sociais, mas contemplativas com o coração do mundo;
vincava, também, que tínhamos de rezar e fazer silêncio, porque é no silêncio do coração que Deus nos fala.
Todos os dias passamos 4 horas em oração, divididas ao longo do dia. Através da Eucaristia e da adoração eucarística diante do Santíssimo Sacramento recebemos o amor divino, a luz e a energia para reconhecer, amar e servir Jesus nos mais pobres dos pobres. Como a Madre Teresa nos costumava dizer,
“quanto mais carinhoso for o nosso amor por Jesus, pão da vida, tanto mais carinhoso será o nosso amor pelos pobres”.
Deixai-nos pedir a Maria, mãe dos pobres, e a Madre Teresa que nos dêem corações como os seus, cheios de amor e ternura, para que possamos trazer uma nova esperança, uma nova paz, amor e alegria ao mundo e sejamos abençoados com o mesmo amor cem vezes mais aqui na terra e para toda a eternidade, como Jesus disse.
“O que fizerdes ao mais pequenino dos meus irmãos é a mim que o fazeis”.

Irmã Mary Christine, MC


2003-10-07 |

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Casas das Missionárias da Caridade no Brasil...

Em resposta a muitas buscas de pessoas que amam verdadeiramente a Beata Madre Teresa de Calcutá e a congregação fundada por ela...as Missionárias da Caridade... Reuni os endereços e alguns telefones para quem desejar manter contato com as irmãs!

Quem quiser conhecer o trabalho...pode fazer uma visita na casa mais próxima e quem sabe se tornar um voluntário!!!Basta querer...
A todos os vocacionados e vocacionadas...Paz e alegria!!!


ENDEREÇOS DAS MISSIONÁRIAS DA CARIDADE NO BRASIL:

SÃO PAULO

Tel: (11) 2258-4404
R. Francisco Arcuri, 149
Jd Peri -

BAHIA

Tel: (71) 3314-5964
Av Polivalente, s/n
Uruguai -

Creche Alto das Malvinas
Fazenda Coutos Nº 3
Etapa Paripe

MANAUS

Tel: (92) 3644-1972
Rua D Bosco, 129
Coroado II -

DIST. FEDERAL

Tel: (61) 3359-3104
QS 405, s/n cj I lt 1/4
Samambaia -

RIO DE JANEIRO

Tel: (21) 3332-9993
Rua Prof Carlos Wenceslau, s/n
Realengo -

Tel: (21) 2242-5242
Tv do Mosqueira, 14
Centro - RJ -

(Casa Mãe)
Tel:(21)
Av.Brasil
Bonsucesso- RJ

SERGIPE

Tel: (79) 3245-4432
R. Maj Aureliano, 423
Santos Dumont - Aracaju

ESPÍRITO SANTO

Tel(27)32259413
*
Consolação-Vitória



(Comunidades no Orkut)
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=67005745

sábado, 11 de julho de 2009

Oração composta por Madre Teresa de Calcutá

"Mantenha seus olhos puros para que Jesus possa olhar através deles.
Mantenha sua língua pura para que Jesus possa falar por sua boca.
Mantenha suas mãos puras para que Jesus possa trabalhar com suas mãos.
Mantenha sua mente pura para que Jesus possa pensar seus pensamentos em sua mente. Mantenha seu coração puro para que Jesus possa amar com seu coração.
Peça a Jesus para viver sua própria vida em você porque:
Ele é a Verdade da humildade.
Ele é a Luz da caridade.
Ele é a Vida da santidade.

(Madre Tereza de Calcutá)
Ir. Mary Prema
(Alemã)
(Atual Superiora Geral da Congregação das Missionárias da Caridade)

Eleita a nova superiora das Missionárias da Caridade...

Cidade do Vaticano, 25 mar (RV) -

A nova superiora das Missionárias da Caridade é a alemã Irmã Mary Prema. Ela foi eleita ontem, em substituição de Irmã Nirmala Joshi, que dirigia a Congregação desde a morte da fundadora, a bem-aventurada Madre Teresa, em 1997. O anúncio foi feito ontem à noite pela porta-voz das religiosas, Irmã Christie.
Hoje é o último dia da congregação geral, iniciada em 1º de fevereiro na casa-mãe da ordem, nos arredores de Calcutá. Irmã Nirmala Joshi fora reeleita no curso da assembléia, mas pediu para ser isenta por motivos de saúde e para se dedicar à vida contemplativa.
Das 136 irmãs participantes do capítulo, apenas 74 têm origens indianas, enquanto as outras provêm de diversos países nos quais a Congregação está presente. Além da nova Superiora, o capítulo elegeu também Irmã Josepha como assistente de Irmã Mary Prema e conselheira da Congregação, ao lado das Irmãs Joanna, Adriana e Joseph Maria.
A constituição das Missionárias da Caridade permite que a Superiora permaneça no cargo por somente dois mandatos de 6 anos cada. A aceitação por parte de Irmã Nirmala à terceira reeleição acarretaria o pedido de aprovação papal. (CM)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Não se detenha...

"Enquanto estiver vivo, sinta-se vivo.
Se sentir saudades do que fazia, volte a fazê-lo.
Não viva de fotografias amareladas...
Continue, quando todos esperam que desistas.
Não deixe que enferruje o ferro que existe em você.
Faça com que em vez de pena, tenham respeito por você.
Quando não conseguir correr através dos anos, trote.
Quando não conseguir trotar, caminhe.
Quando não conseguir caminhar, use uma bengala.
Mas nunca se detenha"

(Beata Madre Teresa de Calcutá)

Poema: Assim mesmo.

"Muitas vezes as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas.
Perdoe-as assim mesmo.
Se você é gentil, as pessoas podem acusá-lo de egoísta, interesseiro.
Seja gentil, assim mesmo.
Se você é um vencedor, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros.
Vença assim mesmo.
Se você é honesto e franco, as pessoas podem enganá-lo.
Seja honesto assim mesmo.
O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra.
Construa assim mesmo.
Se você tem Paz e é Feliz, as pessoas podem sentir inveja.
Seja Feliz assim mesmo.
Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante.
Dê o melhor de você assim mesmo.
Veja que, no final das contas, é entre você e DEUS.
Nunca foi entre você e as outras pessoas."

(Beata Madre Teresa de Calcutá)

" Ama-me por Amor somente "

"Ama-me por amor somente.
Não digas: "Amo-a pelo seu olhar,
o seu sorriso, o modo de falar
honesto e brando. Amo-a porque se sente
minh'alma em comunhão constantemente
com a sua".
Porque pode mudar
isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
do tempo, ou para ti unicamente.
Nem me ames pelo pranto que a bondade
de tuas mãos enxuga, pois se em mim
secar, por teu conforto, esta vontade
de chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
me hás de querer por toda a eternidade."

(Beata Madre Teresa de Calcutá)

Poema: A vida

A vida é uma oportunidade, aproveite-a...
A vida é beleza, admire-a...
A vida é felicidade, deguste-a...
A vida é um sonho, torne-o realidade...
A vida é um desafio, enfrente-o...
A vida é um dever, cumpra-o...
A vida é um jogo, jogue-o...
A vida é preciosa, cuide dela...
A vida é uma riqueza, conserve-a...
A vida é amor, goze-o...
A vida é um mistério, descubra-o...
A vida é promessa, cumpra-a...
A vida é tristeza, supere-a...
A vida é um hino, cante-o...
A vida é uma luta, aceite-a...
A vida é aventura, arrisque-a...
A vida é alegria, mereça-a...
A vida é vida, defenda-a...

(Beata Madre Teresa de Calcutá)

terça-feira, 7 de julho de 2009

Quem Vai Querer?

Quem vai querer?
Quem vai querer largar tudo...
Para se dedicar aos mais necessitados?

Quem vai querer se despojar de bens e
passar toda a vida só fazendo caridade?

Não é fácil e merecem cumprimentos e incentivo
essas religiosas. Elas pertencentes à mesma
congregação ("Missionárias da Caridade") daquela
ex-professora de Geografia, nascida na Albânia e que
deu 87 anos da vida dela para cuidar de enfermos e
famintos que via perambulando pelas ruas...

Não deu mais porque morreu... Isso mesmo!
Morreu aos 87 anos de vida!
Quando os "de fora" foram ver os pertences dela
descobriram apenas:
1 prato e um copo
1 par de sandálias
1 escova de dentes
1 colchão
1 pedaço de sabão
pouca roupa de cama
poucas peças de vestuário

Não é fácil...
Pessoas como elas, como Chico Xavier, como
muitos padres e papas, outros religiosos e
muitas pessoas anônimas (e comuns) fazem
da caridade o alento para milhões de pessoas.
E fazem isso durante praticamente toda a vida delas...
Muitos sequer sem ver TV, ir ao cinema ou fazer uma foto!

Não parece incrível? Só que é crível...
É crível e, claro, é opção, "livre arbítrio" ou missão!

Quem vai querer?
Não precisa todo o tempo do mundo...
Mas uma ou duas horas por semana pode
mudar a vida de alguém, porque...
"Fora da Caridade..." Hum... Fica difícl!

Agnes Gonxha Bojaxhiu



Inicia-se uma missão!

Agnes Gonxha Bojaxhiu era o nome de batismo de Madre Teresa, que nasceu aos 26 de agosto de 1910, em Skopje - Albânia, hoje a atual capital da Macedônia. Ela tinha dois irmãos mais velhos: Ágata e Lázaro. O pai chamava-se Nicolau, e era um próspero comerciante albanês, e sua mãe, chamava-se Drane (Rosa). Seus pais eram cristãos muito fervorosos, por isso, a batizaram no dia 27 de agosto de 1910 (um dia após o seu nascimento). A sua família pertencia à minoria albanesa que vivia no sul da antiga Iugoslávia.

Enquanto criança estudou em uma escola estatal (a qual pertence hoje à atual Croácia) durante a Primeira Guerra Mundial. Depois ingressou na "Congregação Mariana", onde se aprofundou na formação religiosa. Assim, a chama missionária já começara a ser acesa em seu coração. Aos poucos - os desígnios de Deus quanto ao seu futuro na Índia - já começavam a lhe ser revelados - através das cartas escritas pelos missionários jesuítas da Índia, as quais já começavam a semear dentro dela o desejo de também unir-se a eles. Pois, toda a miséria material e espiritual e o abandono aos quais toda aquela população era submetida, já naquela época, a comoviam sobremaneira.

A vida de Madre Teresa (já desde muito jovem) foi marcada por muitas renúncias, sofrimentos e perdas - dentre as quais o falecimento prematuro de seu pai. Sua mãe, no entanto, conseguiu educar os três filhos da melhor maneira possível, dando-lhes não só uma exemplar e profunda educação humana, como também o melhor ensinamento que um cristão pode deixar como herança aos seus filhos: O AMOR A JESUS!

De maneira que quando Agnes tinha dezoito anos ingressou na vida religiosa - no dia 29 de setembro de 1928 entrou para a Casa Mãe das "Irmãs de Nossa Senhora de Loreto", em Rathfarnham, perto de Dublin (Irlanda). No entanto, as suas aspirações eram cada vez fortes com relação à Índia... Acompanhada de suas superioras, fez o noviciado já no campo do apostolado. E após apenas alguns meses de estadia na Irlanda, Agnes partiu para Índia em 1931 - assim, iniciou-se o seu chamado à vocação missionária nesse país. A princípio, foi enviada para Darjeeling, local onde concluiu o noviciado no Colégio das Irmãs de Loreto.

Aos 24 de maio de 1931, Agnes fez a profissão religiosa, recebendo os votos temporários de pobreza, castidade e obediência. A partir daí, o seu nome passou a ser: Teresa. Certa vez, quando questionada sobre a escolha do nome "Teresa" ter sido em homenagem à Santa Teresa de Ávila ou à Santa Teresinha do Menino Jesus, ela respondeu: "A famosa Teresa não é para mim, ser a menor é melhor (referindo-se, provavelmente, à Santa Teresinha)."

Passou, então, a lecionar Geografia no Colégio de Santa Maria, da Congregação de Nossa Senhora do Loreto, em Calcutá, onde permaneceu durante muitos anos. Era uma excelente professora, e por isso, era muito estimada por todos devido à sua dedicação e amor a tudo o que fazia. Sendo que mais tarde, foi nomeada diretora desse colégio. Aos 24 de maio de 1937 fez sua profissão perpétua, eternizando a aliança que fizera com a Igreja. Cumpriu com fé, determinação, abnegação e amor, somente a vontade do Pai: amou, como poucos conseguem amar, o próximo acima de tudo! Amou com palavras, gestos e atitudes concretas!

Teresa, nosso grande exemplo de como amar, amar e acima de tudo, amar!...

O Chamado: "uma vovação dentro de uma vocação"

O Dia da Inspiração

O dia 10 de setembro de 1946 foi definitivo para mudar o rumo da vida de Madre Teresa, pois foi quando ela recebera a inspiração que marcaria completamente sua vida e vocação - "uma vovação dentro de uma vocação", como ela mesma definiu, mais tarde. Esta inspiração lhe ocorrera durante uma viagem de trem ao noviciado do Himalaia, local para o qual estava se dirigindo para se curar de uma tuberculose que havia adquirido e, ao mesmo tempo, aproveitando a oportunidade para fazer um retiro espiritual. Madre Teresa, então, recebe um chamado interior muito forte, que o chamara de: "O Dia da Inspiração".

Madre Teresa relatou esse chamado tão importante, o qual mudaria o rumo de sua própria história, bem como a do mundo inteiro: "Em 1946 foi o "Dia da Inspiração", que ocorreu quando eu estava indo de Calcutá a Darjeeling, de trem, para fazer o meu retiro. Não é fácil dormir nos trens, mas tentar fazê-lo num trem da Índia é impossível: tudo range, há um penetrante odor de sujidade, devido ao amontoamento de homens e animais, detritos, cestos, galinhas cacarejando... Naquele trem, com os meus trinta e seis anos, percebi no meu interior um chamado para que renunciasse a tudo e seguisse a Cristo nos subúrbios, servindo-Lhe através dos mais pobres dos pobres. Foi quando compreendi que Deus desejava isso de mim..."

Assim, após cerca de quase 20 anos na Índia, a Irmã Teresa já não conseguia mais se omitir diante da tão degradante e desesperadora situação a que todos os pobres e excluídos de Calcutá eram submetidos, pois além da fome, da miséria, das doenças... estes eram desprezados, humilhados e abandonados. De maneira que, a partir desse chamado, o qual foi sendo discernido através de muita oração, meditação e aconselhamento com sua superiora, seu diretor espiritual e com amigos religiosos, ela começa a questionar-se sobre como poderia, de fato, ajudar a esses excluídos...


A Espera

Foi desta maneira, com todas estas indagações que esta grande alma viveu o seu retiro espiritual daquele ano. Assim, ao regressar a Calcutá, foi imediatamente procurar pelo seu diretor espiritual, o Padre Celeste van Exem, e este expôs ao Arcebispo Monsenhor Fernando Periér a inspiração que fora suscitada à Madre Teresa, isto é, do desejo desta de deixar a congregação à qual pertencia para que pudesse dedicar-se somente aos "mais pobres dos pobres", como ela mesma definira. O Arcebispo, então, disse ao Padre Celeste, que por se tratar de uma decisão muito séria, ela deveria aguardar durante um ano, mantendo-se tranqüila e rezando.


A obediência na espera da hora do Senhor

Madre Teresa aceitou com humildade, resignação e paciência este período de espera. Com grandeza de alma, característica que lhe era tão própria, mais tarde comentou o acontecido, desta forma: "Não podia ter sido outra a sua resposta. Um Bispo não pode autorizar a primeira religiosa que se lhe apresenta com projetos estranhos, sob o pretexto de que esta pareça ser a vontade de Deus".


A permissão para finalmente cumprir a sua missão

Neste tempo de espera no Senhor, ela voltou à sua rotina de professora, e abandonou-se completamente na vontade de Deus. Passado esse período de espera de um ano que lhe fora recomendado - ela foi procurar pelo Arcebispo Monsenhor Periér novamente. Este, então, deu-lhe permissão para que comunicasse o seu projeto à Madre Gertudes, Superiora Geral das Irmãs de Loreto, na Irlanda.


A resposta tão aguardada...

A tão aguardada resposta da Irmã Gertrudes chegou no dia 2 de fevereiro de 1948, a qual continha as seguintes palavras: "Minha querida Teresa: O seu projeto parece-me ser uma clara manisfestação da vontade de Deus. Eu lhe dou permissão para escrever a Roma." Madre Teresa escreve, então, uma carta ao Cardeal Prefeito, Luigi Lavitrano, o responsável pelas congregações religiosas, na época, descrevendo-lhe o seu chamado e a nova missão para a qual estava sendo chamada por Deus.


Por amor aos pobres ela renuncia à segurança e ao conforto de sua antiga congregação

Em agosto de 1948, o Padre Celeste - autorizado pelo Papa Piu XII - já pôde conceder à Madre Teresa a tão desejada autorização de desligamento da Congregação das Irmãs de Loreto. Isso na prática significava que a Irmã Teresa seguia sendo uma religiosa (tendo que continuar cumprindo os votos de pobreza, obediência e castidade), mas a partir de então, sob a obediência do Arcebispo de Calcutá. Assim, no dia 19 de agosto de 1948 - ela renuncia à tranqüilidade e à segurança em que vivia, para dedicar o resto de sua vida ao próximo.

"Este é meu mandamento: Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos."(João 15, 12-13).

Assim, esta serva de Deus dá início a um dos mais grandes feitos da história da humanidade - com uma única certeza no coração: o seu "Chamado!" - a princípio, sem uma congregação que a amparasse, sem companheiras que a ajudassem, sem dinheiro suficiente para que pudesse providenciar um abrigo sequer... Desta forma, Madre Teresa, sinônimo de coragem, de fé, e de amor ao próximo, inicia o que se tornaria, mais tarde, uma das mais importantes congregações do mundo: a "Congregação das Irmãs da Caridade!"

O Início da Missão

"A pobreza não foi criada por Deus. Nós é que a causamos – você e eu – devido ao nosso egoísmo"


O primeiro passo: um curso de enfermagem

O primeiro passo concreto tomado pela Irmã Teresa, para poder principiar a sua missão, assim que deixou a Congregação das Irmãs de Loreto, no ano de 1948, foi inscrever-se em um curso básico de enfermagem (ministrado pelo renomado hospital: "American Medical Missionaries", em Patna) com o objetivo de aprender a administrar medicamentos e a cuidar de doentes, a fim de que sua nova missão junto aos pobres e doentes pudesse ser plenamente cumprida.


A confiança na Divina Providência

Ao dizer o seu "sim" a Deus, aceitando a nova missão para a qual tinha sido chamada - abandonou-se totalmente em sua Divina Providência - visto que ao deixar a Congregação das Irmãs de Loreto a qual pertencia, ela ficou absolutamente desamparada e só, sem poder mais contar com a segurança, com o conforto e a tranqüilidade que lá havia... Mas, como nosso Deus é Pai, Ele logo a recompensou e a amparou, de maneira que, aos poucos tudo foi sendo providenciado: abrigo, donativos, postulantes para a auxiliarem...

"Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios" (Romanos 8, 28)

Madre Teresa, em tudo, vivia segundo nos prega a Sagrada Escritura e tamanha era a sua confiança na Divina Providência, que assim que regressara de Patna (local onde havia freqüentado o curso de enfermagem) doou o pouco que lhe restara aos pobres e a um sacerdote (mesmo ainda não tendo nem sequer um teto que a abrigasse!), segundo ela mesma nos narra:

"Era a minha primeira volta pelas ruas de Calcutá depois de ter deixado Loreto e ter regressado de Patna. A certa altura aproximou-se de mim um sacerdote, o qual me pediu um donativo para uma coleta que estava sendo realizada a favor de uma boa causa. Eu tinha saído de casa com cinco rúpias. Já tinha dado quatro aos pobres. Entreguei-lhe a única rúpia que me restava. Ao entardecer, este mesmo sacerdote veio procurar-me com um envelope nas mãos . Ele disse-me que lhe tinha sido ofertado por um senhor desconhecido, que ouvira falar dos meus projetos e por isso gostaria de poder me ajudar. No envelope havia cinqüenta rúpias. Naquele momento tive certeza de que Deus começava a abençoar a minha obra e que nunca mais me abandonaria."


As dificuldades deram-lhe têmpera de guerreira!

Todas as dificuldades iniciais pelas quais passou Madre Teresa, deram-lhe ainda mais têmpera de guerreira, e serviram-lhe também, para que pudesse compreender ainda mais a fundo toda a humilhação e o desespero aos quais são submetidos os pobres, dia após dia, mês após mês, anos e anos a fio... Sendo obrigados a viver diariamente esta desesperada luta pela sobrevivência, numa eterna espera, ansiedade e sofrimento, que vai destruindo o corpo e ferindo a alma!

No entanto, nada a demoveu de sua missão, nem a falta de segurança, ou as muitas dificuldades pelas quais estava passando, pois tinha a maior de todas as certezas: O AMOR! Sabia que o amor poderia, de fato, mover montanhas, salvar vidas e resgatar almas! Tudo porque acreditava realmente em seu chamado:

“Não! Não voltarei atrás. A minha comunidade são os pobres. A sua segurança é a minha. A sua saúde é a minha. A minha casa é a casa dos pobres. A sua segurança é a minha. A sua saúde é a minha. A minha casa é a casa dos pobres; não apenas dos pobres, mas dos mais pobres dos pobres. Daqueles de quem as pessoas já não querem aproximar-se com medo de contágio e da porcaria, porque estão cobertos de micróbios e vermes. Daqueles que não vão rezar, porque não podem sair nus de casa. Daqueles que já não comem, porque não têm forças para comer. Daqueles que se deixam cair pelas ruas, conscientes de que vão morrer, e ao lado dos quais os vivos passam sem lhes prestar atenção. Daqueles que já não choram, porque se lhes esgotaram as lágrimas.” (Madre Teresa de Calcutá)


O primeiro alojamento e as primeiras vocacionadas

O primeiro alojamento foi providenciado pelo Senhor Michael Gomes, um grande amigo que a auxiliou por toda a vida; e as primeiras vocacionadas a unir-se à Madre Teresa, foram algumas de suas ex-alunas. A estas ela ensinara o poder da oração, dizendo-lhes: "A coisa mais importante que existe é rezar, rezar, rezar." E dizia-lhes que diante de qualquer dificuldade, deveriam rezar uma "Ave-Maria" todas as manhãs. "Quando rezamos muitas "Ave-Marias", tudo pode ser solucionado."

Ainda no ano de 1949 começou a dar aulas para um grupo de cinco crianças, num bairro muito humilde. Pouco a pouco, o grupo foi crescendo, e depois de apenas dez dias já eram cerca de cinqüenta crianças. Ensinava-lhes além do abecedário, noções de higiene (sendo que muitas vezes iniciava a aula lavando as faces de seus alunos) e conceitos de moral também.

Tendo abandonado o hábito da Congregação de Loreto, nessa nova etapa a Irmã Teresa adotou um sari branco, com faixas azuis, em homenagem à Virgem Maria, com uma pequena cruz nos ombros. Assim, ela começara a levar aos necessitados - mais do que quaisquer donativos ou outra ajuda qualquer que pudesse oferecer-lhes - ela levava-lhes amor, carinho e respeito, revelando-lhes Jesus através de gestos, palavras e obras concretas. Em pouco tempo, ela tornou-se muito conhecida, respeitada e amada por todos. Por onde quer que ela passasse, pessoas doentes, famintas, deficientes e desesperadas, gritavam por ela, vendo nela a esperança, que lhes fora roubada.

Início da Congregação

"Então, o Rei dirá aos que estão à direita: 'Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu, e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim'" (Mateus 25, 34-36)


Surgem as primeiras vocacionadas, e assim, a futura congregação tem início

Assim, nasceu a “Congregação das Irmãs da Caridade” – fundada pela Madre Teresa de Calcutá - guiadas pela Palavra do Senhor que é eterna, as vocacionadas foram chegando uma a uma... Sem que ninguém as chamasse, sem que nada fosse feito para arrebanhá-las... vinham, como Madre Teresa viera, chamadas pelo Espírito Santo de Deus, que lhes dizia: "Vem e segue-me!". Com um único desejo em seus corações: servir a Jesus, que vive no pobre, no miserável, no doente, naquele que foi abandonado por tudo e por todos!


O início da congregação é narrado pela própria Madre Teresa:

“Uma a uma, a partir de 1949, vi chegar, jovens que tinham sido minhas alunas. Vinham com o desejo de dar tudo a Deus e tinham pressa em fazê-lo. Despojavam-se, com íntima satisfação, dos seus sarís luxuosos para revestir-se do nosso humilde sarí de algodão. Vinham sabendo que se tratava de algo difícil. Quando uma filha das velhas castas se coloca ao serviço dos párias, trata-se de má revolução para eles. A maior. A mais difícil de todas: a revolução do amor! Uma vida mais regular iniciou-se, então, para a nossa pequena comunidade. Abrimos escolas, enquanto continuávamos a visita aos bairros mais humildes de “lata”. Assim, as vocações foram afluindo e a nossa primeira casa tornou-se muito pequena(...)”


Os primeiros estatutos e as regras de vida começam a ser escritos

No mesmo ano em que começara a sua missão junto aos pobres, em 1949, (embora aquela que seria a futura congregação ainda não fosse oficialmente reconhecida pela Santa Sé, pois ainda estava em processo de formação) Madre Teresa já começa a escrever os estatutos das futuras “Missionárias da Caridade”, nome dado à sua congregação – estatutos nos quais ela acrescentaria, além dos três votos necessários à qualquer congregação, ou seja: obediência, pobreza e castidade, mais um: “a Caridade.”


Não praticam obras sociais, pois são contemplativas. Por isso, contemplam Jesus que vive no próximo

“Eu não peço por caridade; eu nunca peço por ela, mesmo no início. Eu vou às pessoas – não faz diferença se sejam hindus, mulçumanos ou cristãos – e digo-lhes: ‘eu estou lhe dando uma oportunidade de fazer alguma coisa bela a Deus.’”

“Oferte até que lhe fira”, ela diz. “O amor verdadeiro fere. A cruz feriu Jesus.”

Madre Teresa sempre afirmou que o trabalho delas nunca foi e nunca será um trabalho social, pois elas são contemplativas – tendo em vista que os dois pilares fundamentais da sua congregação são: “Jesus Encarnado na Eucaristia e Jesus Encarnado no pobre” - de forma que vão às ruas à procura dos pobres e doentes, para dar-lhes mais que remédios, banho ou alimento, dão-lhes amor, pois contemplam Jesus que neles vive! Por isso, saem às ruas, não ficam esperando que as pessoas venham até elas, elas é que vão até às pessoas percorrendo as ruas. A seguir, as recolhem e cuidam delas, dando-lhes banho, medicamentos, atenção, carinho, leito... dando-lhes oportunidade para se sintam dignas e amadas.


As irmãs também vivem a pobreza total, contando apenas com o mínimo necessário à sobrevivência

Também as irmãs da caridade despojam-se de tudo, assim podem compreender melhor a situação dos irmãos menos privilegiados. A lista dos seus pertences é pequena: um prato esmaltado e coberto, dois humildes sarís, um jogo de roupa interior simples, um par de sandálias, um pedaço de sabão, guardado numa caixa de cigarros, um travesseiro e um colchão bastante fino, bem como dois lençóis e um balde metálico. De maneira que quando precisarem sair às pressas, em um minuto já estarão prontas.

A santidade de Madre Teresa era tão grande, que nem sequer quando estava fora de casa, ela se alimentava, dizia que isso seria um desrespeito para com os seus pobres. Esta serva tão amada por Deus e por todos nós cumpriu, como tão poucos o conseguem, a vontade de Deus em sua plenitude. Assim, foi sendo cada vez mais abençoada por Ele e pouco a pouco, foi nascendo a futura "Congregação das Irmãs da Caridade" (que hoje conta com mais de 700 casas, em mais de 100 países!!!)

No dia 7 de outubro de 1950, foi aprovada e estabelecida a nova “Congregação das Missionárias da Caridade em Calcutá

A expansão da obra

A miséria e as doenças atingiam a todas as faixas etárias, nas mais diversificadas e problemáticas situações, de modo que pouco a pouco, Madre Teresa foi abrindo uma casa específica, para cada caso específico: mulheres grávidas, moribundos, doentes, crianças abandonadas, aidéticos, etc

Em agosto de 1952, as Missionárias da Caridade inauguram o lar infantil “Sishi Bavan” (Casa da Esperança) e inauguraram também o conhecido "Lar para Moribundos", em Kalighat, onde Madre Teresa dedicou grande parte de sua vida de modo especial.

Ao ver tantos moribundos agonizando pelas ruas, sem que ninguém lhes prestasse socorro - Madre Teresa procurou pelas autoridades responsáveis e lhes pediu que dessem a ela um local, para que pudesse socorrê-los, assim foram-lhe cedidas duas grandes salas de um edifício vizinho. Ela, então, nomeou este local como: "Casa do Moribundo." A princípio, ela teve alguns problemas de ordem religiosa, com alguns grupos que professavam uma outra fé, e conseqüentemente, uma outra religião e cultura, mas com o passar do tempo, todos foram notando, que ela tinha realmente boas intenções, e que sua obra tinha verdadeiramente um caráter nobre. Assim, ela começa a receber donativos de hindus, mulçumanos, budistas, etc. E assim também foi ocorrendo em relação às outras situações difíceis e problemáticas, tais como: crianças abandonadas, aidéticos, mulheres que haviam sido abusadas e engravidaram, leprosos...

Na catedral do Santíssimo Rosário, em abril de 1953, as primeiras Missionárias da Caridade fazem os seus primeiros votos religiosos. A ordem é aprovada pela Santa Sé no dia 1º de fevereiro de 1965 e, com a proteção da aprovação pontifícia, estende-se por toda a Índia. E a partir daí, com apenas 15 anos de fundação, esta congregação inicia uma expansão muito intensa por toda a Índia (a princípio em: Ranchi, Nova Delhi e Bombain) e a seguir, por todo o mundo.

Ainda em 1965, fundam no dia 26 de julho a sua primeira casa na América Latina, na Venezuela, na arquidiocese de Barquisimeto. Em 1967, abrem outra no grande berço da cristandade, em Roma-Itália, por desejo expresso do Papa Paulo VI; e mais recentemente, João Paulo II presenteia-lhe com uma casa dentro do próprio Vaticano.

A partir de 22 de agosto de 1968, a Congregação estende-se por outras regiões do mundo: Ceilão, Itália, Austrália, Bangladesh, Ilhas Maurícias, Peru, Canadá, etc.

No dia 8 de dezembro de 1970, as Missionárias da Caridade abrem a sua primeira casa em Londres, na Inglaterra, e estabelecem neste local a sede para as novas vocacionadas e noviças para a Europa e para a América. Em 1973, inauguram uma casa na conflituosa região de Gaza, na Palestina, para atender aos refugiados e feridos do local. E neste mesmo ano comemora a primeira “Assembléia Internacional dos colaboradores das Missionárias da Caridade”, instituição cujos estatutos tinham sido aprovados em 1969, e que reunia, já na época centenas de milhares de pessoas de todo o mundo: 50.000 leigos. Em 15 de junho de 1976, em Nova York - Estados Unidos, local onde é fundado o ramo contemplativo das Missionárias da Caridade. E em dezembro de 1976, inaugura centros de assistência no México e Guatemala.

No dia 15 de outubro de 1979, recebe o Prêmio Nobel da Paz, tornando-se mundialmente conhecida e admirada. Ainda no mesmo ano, João Paulo II recebe-a em audiência privada e ela converte-se, mesmo sem jamais ter freqüentado um curso de diplomacia, na melhor "embaixadora" do Papa em todas as nações, fóruns e assembléias. O Papa lhe diz: “Você pode ir aonde eu não posso. Vá e fale em meu nome.” Skoplje, sua cidade natal, nomeia-a "Cidadã Ilustre". Muitas universidades lhe conferiram o título "Honoris Causa". E ainda em 1980, recebe a Ordem "Distinguished Public Service Award" nos EUA.

Em 1981, inaugura em Berlim oriental – Alemanha a primeira das suas fundações é inaugurada, em países submetidos ao marxismo (na época). Anos mais tarde, será recebida pelo, então presidente, Mikhail Gorbachov e abrirá uma casa também na Rússia. Depois funda uma outra casa em Cuba, que também é comunista. Em 1983, estando em Roma, sofre o primeiro grave ataque do coração. Tinha 73 anos. Foi muito bem atendida e o médico disse-lhe: "A senhora tem coração para mais trinta anos" Tomou isso ao pé da letra e nem febre alta a fazia descansar. Em setembro de 1985, é reeleita Superiora das Missionárias da Caridade pelo Capítulo geral da Congregação. Só outra Irmã, Sor Josepha Michael, viu o seu nome escrito num dos votos: o que fora depositado na urna eleitoral pela Madre Teresa... Os outros 66 foram unânimes. Nesse mesmo ano, recebe do Presidente Reagan, na Casa Branca, a Medalha presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração do país mais poderoso da terra. Participa de Sínodos, como o de 1986, e dos atos do Ano Mariano de 1987 e do Ano Santo da Redenção, bem como das viagens papais. Em agosto de 1987, vai à União Soviética e é condecorada com a Medalha de ouro do Comitê soviético da Paz. Pouco depois, visita a China e a Coréia. Em agosto de 1989, realiza um dos seus sonhos: abrir uma casa na sua terra natal: Albânia, onde o “ateísmo” constava como religião, pois esteve durante décadas sob domínio ditatoriais e comunistas.

Em setembro de 1989, sofre o segundo ataque cardíaco, tendo sido obrigada a colocar um marca-passo, ocasião em que correra grave risco de vida, mas recupera-se e retoma o seu incansável trabalho.

Em 1990, pede ao Papa para ser substituída no seu cargo, mas volta ser reeleita por mais seis anos, até 1996, sendo como todas as outras vezes, confirmada pelo Papa, como a Superiora das Missionárias da Caridade.

E assim foi até quando a sua missão na terra chegara ao fim - no dia 5 de setembro de 1997. Mas, por ser uma obra escolhida e amada por Deus - sua missão continua crescendo, pois até a data de seu falecimento: existiam cerca de 600 casas, em cerca de 100 países... Atualmente, no ano de 2003, já são mais de 700 casas, em mais de 100 países, para a honra e glória do Senhor!!!

Últimos Momentos

Mensagem de Angelo Comastri - Arcebispo de Loreto, sobre o seu falecimento

“Madre Teresa viveu para o pobre. Mas agora o mundo ficou mais pobre desde a noite de sexta-feira 5 setembro de 1997, impossibilitada de resistir ao último de muitos ataques do coração, Madre Teresa faleceu na casa onde ela e as irmãs dela tinham vivido em Calcutá desde os anos quarenta. Ela tinha 87 anos e a face dela - minúscula como a figura inteira dela, e profundamente enrugada - tinha se tornado o mesmo epítome de caridade e dedicação total dela para outros. Ela foi chamada a Mãe do pobre. Mas até mesmo entre as várias formas de Mãe da pobreza, Madre Teresa conseguiu se impelir para o limite extremo, da mesma forma que o amor dela a Cristo era extremo e total. Ela escolheu estar com o mais pobres dos pobres e, nesta procura ela fez com que o mundo - os crentes e não-crentes - lessem as páginas de um Evangelho Vivo, de um Evangelho a trabalho entre as conquistas e contradições de nossos tempos. A morte de Madre Teresa despertou uma emoção muito forte em todos e entristeceu todo o mundo. A caridade dela deixou rastros em todo continente.”


Esta pequenina mulher de alma gigantesca retornou à Casa Paterna – deixando-nos como herança o mais nobre de todos os exemplos de FÉ, AMOR, SOLIDARIEDADE, RESIGNAÇÃO, RENÚNCIA e RESPEITO a Deus - através do seu próximo – exemplos estes, construídos em gestos concretos através de toda a sua obra, a qual foi sendo edificada ano após ano, durante os quase 70 anos de seu apostolado - milhares de Missionárias da Caridade espalhadas em todo o mundo, nas mais de 700 casas, em mais de 100 países!!!


Deixou-nos também discursos e escritos que foram gravados em nosso coração - poemas, reflexões, mensagens e discursos, nos quais abordou sem temor - questões humanitárias tão delicadas, tais como: a miséria, o aborto, a guerra, a pena de morte, a AIDS, entre outras – os quais espelhavam o resultado do "Evangelho Vivo e Vivido" por ela. Madre Teresa enfrentou todas as dificuldades e provações, amando, renunciando, lutando e construindo - na prática - não ficou como muitos o fazem, apenas nos discursos e nas teses:

Declaração de Madre Teresa a respeito de sua missão:

“Algumas pessoas reivindicam e protestam em público por justiça e direitos humanos. Nós não temos tempo para isto. Há seres humanos em grande número que estão morrendo de fome e desprovidos de amor. Em pessoas assim é que servimos a Jesus, vinte e quatro horas ao dia”.


Uma vida de amor e renúncia

Saiu de casa (Albânia) aos 18 anos para abraçar a vida religiosa, e retornou à sua terra natal - apenas 50 anos mais tarde - quando tanto a sua mãe quanto a irmã já haviam falecido, sendo que enquanto estas estavam vivas, nunca mais as pôde rever pessoalmente, por questões políticas... Por amor renunciou a tudo, principalmente à própria vida! Ensinado-nos que quando realmente temos fé em Deus, amor ao próximo e disposição de coração – podemos realizar grandes obras e feitos nobres, pois quando dizemos o nosso “sim” a Deus, Ele realiza em nós maravilhas!!!


A despedida

No dia 5 de setembro de 1997, a "Mãe dos Pobres" faleceu - vítima de uma parada cardíaca – deixando o mundo todo órfão do seu amor. Durante vários dias, enquanto o seu corpo estava sendo velado na igreja de São Tomé, em Calcutá, milhares de pessoas de todo o mundo se aglomeravam em filas de quilômetros e quilômetros para que pudessem “despedir-se” dela. E após uma semana, como havia muitos que ainda desejavam dizer-lhe o último adeus, o corpo da Madre Teresa foi transladado para o Estádio Netaji, local no qual foi celebrada a Santa Missa de corpo presente - pelo Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Ângelo Sodano.

Cronologia

1910: Agnes Gonxha Bojaxhiu, nasce aos 27 de agosto em Skopje, hoje, atual Macedônia, a mais joven de três filhos de um comerciante de materiais de construção albanês.

1928: Tornou-se uma noviça na ordem de Loretto, onde conduziu uma missão nas escolas da Índia, adotando o nome de Irmã Teresa.

1929: Chega em Calcutá para lecionar no colégio Santa Maria.

1937: Assume os votos como freira.

1946: Enquanto viaja de trem para a cidade de Darjeeling, nas montanhas, para se recuperar de uma tuberculose e para fazer seu retiro espiritual, ela disse ter recebido um chamado de Deus para servi-lo através "dos mais pobres dos pobres"

1947: Autorizada a deixar sua ordem, mudou-se para um bairro pobre de Calcutá, onde estabeleceu sua primeira escola.

1950: É fundada a Congregação das Missionárias da Caridade.

1952: Inaugara o “Nirmal Hriday” (Puro Coração) – Casa para os moribundos; no ano seguinte, seu primeiro orfanato.

1962: Recebe o “Padma Shri”, seu primeiro prêmio, pelos trabalhos comunitários. Por muito tempo, ela usou o dinheiro do prêmio para fundar dezenas de novas casas

1979: Recebe o "Prêmio Nobel da Paz"

1982: Convence Israelitas and Palestinos a um cessar fogo, pelo tempo que fosse necessário para a retirada de 37 criancas mentalmente retardadas, de um hospital na cidade sitiada em Beirute.

1983: Sofre um ataque cardíaco, quando visitava o Papa João Paulo II em Roma.

1989: Sofre um segundo, e desta vez, mais grave ataque cardíaco, ocasião em que os médicos decidem implantar um marca-passo.

1990: Anuncia sua intenção de renúncia. É convocada uma assembléia para a escolha da sucessora. Por votos secretos, Madre Teresa é reeleita com apenas um voto contra - o seu próprio - e retira a solicitação de renúncia.

1991: Adquire Pneumonia em Tijuana-México, levando-a um agravamento cardíaco, sendo hospitalizada em La Jolla, Califórnia – E.U.A.

1993: Fratura três costelas em Roma, devido a uma queda. É hospitalizada por malária em Nova Delhi. Em setembro, é submetida a uma cirurgia para desobstruir vasos sanguíneos, em Calcutá.

1996: Recebe o título de cidadã honorária dos Estados Unidos da América.

1996: Como resultado de uma queda, fratura a clavícula. Sofre de malária novamente e sofre novos problemas cardíacos no ventrículo esquerdo, em agosto. Ameaçada por infecção pulmonar e re-ocorrência de problemas cardíacos, em setembro. É internada no hospital com dores no peito e com problemas respiratórios aos 22 de novembro.

1997: 13 de março, renuncia ao posto de superiora da ordem. E no dia 5 de setembro retorna à Casa do Pai.

Entrevista

Madre Teresa, em dezembro de 1996, concedeu uma entrevista à revista "Sem Fronteiras", a qual talvez tenha sido a sua última ou uma das últimas. Confira a entrevista na íntegra:


Sem Fronteiras - Quantas são atualmente as Missionárias da Caridade?

Madre Teresa - Temos 3.604 Irmãs professas e 411 noviças, em seis noviciados: Calcutá, Filipinas, Tanzânia, Polônia, Roma e Estados Unidos. As postulantes são 260. No total, somos 4.275 Missionárias da Caridade, distribuídas em 119 países. As nossas Irmãs pertencem a 79 nacionalidades. Contamos com 560 tabernáculos, ou casas.


Por que "tabernáculos"?

- Porque Jesus está presente nessas casas. São casas de Jesus.
A nossa congregação quer contribuir para que as pessoas sejam saciadas da sua sede de Jesus. Fazemos isso, tentando resgatar e santificar os mais pobres dos pobres. Como as outras congregações, fazemos os votos de castidade, pobreza e obediência. Recebemos a autorização especial de fazer um quarto voto: o de nos colocarmos a serviço dos mais pobres dos pobres.


Como a senhora vê o tema do celibato?

- O celibato não é para quem se sente chamado ao matrimônio. O sacramento do matrimônio é maravilhoso. Desde o momento em que um homem e uma mulher se amam verdadeiramente e rezam juntos, Deus transmite a eles o seu amor.
A vida familiar merece muita atenção, é um dom de Deus. Não obstante, nós religiosas renunciamos a esse dom. Consagramos a nossa vida a Deus na castidade e no amor, sem divisão. Nada nem ninguém nos poderá separar desse amor, como diz São Paulo.


A senhora costuma dizer que não há amor sem sofrimento...

- Sim, o verdadeiro amor faz sofrer. Cada vida, e cada vida familiar, deve ser vivida honestamente. Isso supõe muitos sacrifícios e muito amor. Porém, ao mesmo tempo, esses sofrimentos vêm sempre acompanhados de muita paz.
Quando a paz reina em um lar, ali se encontram também a alegria, a unidade e o amor. Como se pode levar uma vida familiar normal sem paz e sem unidade?
Nesse sentido, a oração de São Francisco é muito atual. Não vivemos nas mesmas circunstâncias, mas o que Francisco pedia responde perfeitamente às necessidades da nossa época. Em Calcutá, rezamos essa oração todos os dias, depois da comunhão. Penso em todos os homens e mulheres que necessitam de amor: "Senhor, fazei-nos dignos de ser instrumentos da verdadeira paz, que é a vossa paz".


A sua congregação abriu casas para pessoas com Aids em várias partes do mundo...

- Sim, entre outros lugares, nos Estados Unidos, na Itália, no Zaire e, evidentemente, na Índia. Até pouco tempo atrás, não era raro que pessoas se suicidassem quando ficavam sabendo que tinham o vírus da Aids. Hoje, nenhum enfermo acolhido em nossas casas morre no desespero e na amargura. Todos, inclusive os não-católicos, morrem na paz do Senhor. Isso não é maravilhoso?


As regras da sua congregação falam do trabalho em favor dos "mais pobres dos pobres, tanto no plano espiritual quanto no plano material". O que a senhora entende por "pobreza espiritual"? Alguns dizem que se ocupa apenas com gente que vive na rua...

- Os pobres espirituais são os que ainda não descobriram Jesus Cristo, ou que estão separados dele por causa do pecado. Os que vivem na rua também precisam ser ajudados nesse sentido.
Por outro lado, fico muito contente de ver que, em nosso trabalho, podemos contar também com a ajuda de gente acomodada, a quem oferecemos a oportunidade de fazer algo de bom para Deus. É desse modo que conseguimos abrir um centro onde acolhemos e assistimos a jovens que saem da prisão.
Essa gente nos oferece material e dinheiro. Nesses dias chegou uma carta dos Estados Unidos. Pela letra dava para ver que era de uma criança. Ela me dizia: "Madre Teresa, eu gosto muito de você". O envelope continha um cheque de 3 dólares. Para essa criança, tratava-se de um grande sacrifício.


Vocês também recebem ajuda de gente de outras religiões?

- Sim, de muçulmanos, hinduístas, budistas e outros. Alguns meses atrás, um grupo de budistas japoneses veio conversar comigo sobre espiritualidade. Eu disse a eles que jejuamos todas as primeiras sextas-feiras do mês e que o dinheiro economizado vai para os pobres. Quanto regressaram ao seu país, os monges pediram às famílias e comunidades budistas que fizessem o mesmo. O dinheiro que recolheram nos permitiu construir o primeiro andar do nosso centro "Shanti Dan" ("Dom de Paz") para as "jailgirls" (meninas da prisão).
Cento e dez dessas meninas já saíram da prisão. São jovens, quase sempre adolescentes. Muitas delas são deficientes psíquicas. Saem das favelas e, de repente, se vêem metidas na prostituição. A maior parte, assim que renuncia a esse tipo de vida, é denunciada à polícia pelos proxenetas. Acaba na prisão, onde vive em condições desumanas.


Madre Teresa, alguns a criticam, dizendo que só tem um objetivo: converter os não-cristãos...

- Ninguém pode forçar ou impor a conversão, que só acontece por graça de Deus. A melhor conversão é a que consiste em ajudar as pessoas a se amarem umas às outras. Nós, que somos pecadores, formos criados para ser filhos de Deus, e temos que nos ajudar a chegarmos o mais perto possível dele. Todos somos chamados a amá-lo.


A senhora diz que as suas Irmãs não são assistentes sociais. Por quê?

- Somos contemplativas no coração do mundo, porque "rezamos" o nosso trabalho. Realizamos um trabalho social, certamente, mas somos mulheres consagradas a Deus no mundo de hoje. Entregamos a nossa vida a Jesus, com uma renúncia total e a serviço dos pobres, tal como Jesus nos deu a sua vida na eucaristia. O trabalho que fazemos é importante, mas não é tanto a pessoa que o faz que é importante. Fazemos esse trabalho por Jesus Cristo, porque o amamos. É tão simples.
Não temos condições de fazer tudo. Eu sempre rezo muito por todos aqueles que se preocupam com as necessidades e misérias dos povos.
Muitas personalidades e gente rica se associaram à nossa ação. Pessoalmente, não possuímos nada. Não ganhamos dinheiro. Vivemos da caridade e para a caridade.


E da Providência...

- Isso mesmo. Normalmente, sempre temos que enfrentar necessidades imprevistas. Em nossa casa "Sishu Bevan", temos mais de duzentos bebês que necessitam de um tipo especial de leite. Um dia, as minhas Irmãs vieram me procurar para dizer: "Madre, tem que fazer alguma coisa, porque não vemos nenhuma saída". No mesmo dia, um hindu rico veio me ver e me disse: "Madre Teresa, esta manhã, uma voz me disse que eu tinha que fazer alguma coisa pelos pobres", e me deu o que necessitávamos. Deus é infinitamente bom. Ele sempre se preocupa conosco.


Por que tantas jovens entram para a sua congregação?

- Eu creio que elas apreciam, sobretudo, a nossa vida de oração. Rezamos quatro horas por dia. Elas também conhecem e vêem o que fazemos pelos pobres. Não se trata de trabalhos importantes e impressionantes. O que fazemos é muito discreto, mas nós o fazemos pelos mais pequenos.


A senhora é uma pessoa muito popular. Nunca se cansa de tanta gente, fotografias...?

- Considero isso um sacrifício, e também uma bênção para a sociedade. Eu e Deus fizemos um contrato: para cada foto que tiram de mim, Ele liberta uma alma do Purgatório... (risos)... Eu creio que, nesse ritmo, em breve, o Purgatório estará vazio...
Viajar pelo mundo cercada de tanta publicidade é cansativo e duro. Porém, eu utilizo tudo o que se me apresenta para a glória de Deus e o serviço aos mais pobres. É preciso que alguém pague esse preço.


Que mensagem gostaria ainda de nos deixar?

- Amem-se uns aos outros, como Jesus ama a cada um de vocês. Não tenho nada que acrescentar à mensagem que Jesus nos transmitiu. Para poder amar, é preciso ter um coração puro e é preciso rezar. O fruto da oração é o aprofundamento da fé. O fruto da fé é o amor. E o fruto do amor é o serviço ao próximo. Isso nos conduz à paz. - "UMBRALES"



Revista Sem Fronteiras Nº 247 - Dezembro 96 - pág. 05